Paisagem Atonal
Curadoria de Victor Gorgulho
É com prazer que anunciamos a nossa participação na SP-Arte Rotas Brasileiras, que acontecerá na ARCA, entre os dias 24 e 28 de agosto. Inspirada no título homônimo da pintura de Renata de Bonis (São Paulo, 1984), Paisagem Atonal é o projeto coletivo apresentado pela Alban, com curadoria assinada por Victor Gorgulho (Rio de Janeiro, 1991). Em parceria com Cristina e Roberto Alban, diretores da galeria, o curador carioca propõe um recorte tão moderno quanto contemporâneo acerca de uma das temáticas mais exploradas ao longo da história da arte brasileira: a paisagem.
A incontestável – e mesmo incontornável – presença da paisagem na arte brasileira é aqui, no entanto, subvertida em seus códigos e signos usuais. A ideia de uma Paisagem Atonal, portanto, aponta para os caminhos propostos pelo desenho curatorial de Gorgulho. Se a ideia de atonalidade aponta para aquilo "não tem tonalidade definida", ou para algo "desprovido de um centro tonal, principal, sem tonalidade preponderante", é também esta paisagem aquela capaz de assumir inúmeras formas diferentes – cores, temperaturas, faturas e sujeitos infindos capazes de torná-las múltiplas e também singulares.
Através da apresentação de um recorte de pinturas, esculturas, fotografias e tapeçarias dos artistas representados pela galeria e também presentes em seu acervo, a Alban propõe um singular olhar sobre a paisagem brasileira, assumindo sua pluralidade e profundidade em um conjunto que propõe fricções entre produções modernas e contemporâneas, evidenciando abordagens radicalmente distintas à mesma temática mas buscando explodir a atonalidade do título em um singular grupo de obras que abrem-se à um leque infinito de cores, possibilidades, caminhos e personagens nelas presentes.
Figuras que povoam e desbravam rotas profundas de um Brasil que ora nos é imediatamente familiar ora escapa ao repertório de nossas memórias viajantes. Se são muitas as rotas brasileiras possíveis, são inúmeros também os caminhos que por elas podemos traçar, desafiando nossos olhos e os fazendo brilhar, em gozo ou em espanto, de modo que nossas retinas não cessem de impressionarem-se com o deslumbre do landscape brasileiro.
Afinal, mesmo que sejam tempos de incerteza e de certo temor, no horizonte das tantas paisagens brasileiras há sempre um tom de esperança e de alegria a cintilar, lá no fundo, ininterruptamente, renovando nossos desejos de um amanhã mais claro para toda e qualquer canto do país. Sabemos! O sol – sempre…! – há de brilhar mais uma vez…